As quadrilhas se fazem em meio a festas de santos, quermesses, encontros populares onde o sagrado e o profano se misturam. Pode-se dizer que as quadrilhas envolvem a mesclagem do profano e do sagrado da vida de todos nós.
É assim que o espetáculo Esquadras se inicia: com as caminhadas e procissões em meio ao clima de festas populares. A idéia de quadrilha vai remeter-nos à de ‘esquadras’, de onde vem à etimologia da palavra. Refere-se essencialmente a um coletivo que combate, que viaja e traz seu circo de alegria, acenando com o amor e indo embora. Na verdade, quadrilha, no nosso enfoque, é a armação da própria história de todos nós. Cheia de amores fugazes ou de fogueiras, trocas repentinas de destinos afetivos e, por fim, as grandes fileiras, como esquadras, unido todos a um velejar comum pela vida.
A metáfora, pois, que é ‘carro chefe’ do espetáculo, é a idéia de esquadras como lugar de lutas e de encontros, que são coletivos e que trazem em seu bojo, também, os pequenos (grandes, todavia) combates do amor. A complexidade da vida e de suas esquadras que seguem trazem a caminhada... música... silêncio...que acabam por desaguar nas fileiras, eternas fileiras deste corpo coletivo onde todos nós nos encontramos a braços com as vicissitudes da condição humana. Esta quadrilha onde acontece os encontros, os desencontros e que, por fim, prossegue em sua levada de fantasia e força.
O espetáculo traz, ainda, a exuberância da cena popular, que tem seus momentos dramáticos que se reveste beirando o grotesco enquanto cena que põe à crítica social e de costumes ínsita na poesia e das danças dramáticas populares. Vivíssima, esta alegria explicita toda a pujança, a energia das representações espetaculares organizadas, que a um tempo são pedaços festivos da vida e metáfora sobre ela, enquanto arte.